A BEIRA CÔA DO INÍCIO DA RECONQUISTA
À DEFINITIVA INTEGRAÇÃO DE RIBA CÔA EM PORTUGAL
Séc.X – 1297
Introdução ao Período
Cap.I. A Beira Côa do Início da Reconquista Leonesa à Criação do Condado Portucalense (séc.X – fim do séc.XI)
Cap.II. Depois da Criação do Condado Portucalense: (fim do séc.XII-c.1161)
Cap.III. A Beira Côa sob o Indiscutível Domínio Leonês (c.1161-1297)
A BEIRA CÔA DO INÍCIO DA RECONQUISTA LEONESA
À CRIAÇÃO DO CONDADO PORTUCALENSE
Séc.X – final do Séc.XII
912? Datação em inscrição, hoje desaparecida, comemorativa da construção de um templo cristão em Trancoso.[1]
960 – D.Chama ou Chamoa (ou na fórmula latina Flâmula) Rodrigues, achando-se gravemente enferma no mosteiro de Guimarães, dá amplos poderes a sua tia D.Mumadona para dispor do que lhe pertencia. Destes bens manda vender os castelos de Trancoso, Moreira, Longroiva, Numão, uacinata (?), amindula (?), seniorzelli (?), Caria e outros montes e terrenos que estão na Estremadura[2]
“Ordinamus nostros castellos id est Trancoso moraria longobria naumam nacinata amindula pena de dono alcobria seniorzelli Caria cum allias penelas et populaturas qui sunt in ipsa stremadura”[3]
Afonso V
Rei de Leão 999-1027
Bermudo III
Rei de Leão 1027-1037
1030 – os irmãos Tedom e Rausendo Ramires conquistam Numão
Fernando I, Magno,
O reconquistador da Beira Côa
rei de Leão, 1037-1065
1039 – Fernando Magno inicia a conquista da região transcudana. Conquista Almeida aos mouros
Primeira referência documental à Região de Riba Côa, na História dos Godos, ao referir as conquistas de Fernando I, o Magno:
“Era MLXXVII [1077 = 1039] capiuntur in Extremadurii multae populationes cis et cintra villam Turpini, Talmeida, Egitania, et usque ad ripam Tagi”.
1055-1056 – Fernando Magno conquista Numão
1059 – no inventário das propriedades do convento de Guimarães aparecem os castelos referidos no testamento de D.Flâmula de 960
1057-1058 – conquista por Fernando Magno de Trancoso
1063 – Fernando Magno conquista Marialva
1064
25 Jul.- Fernando Magno conquista Coimbra
Afonso VI
Rei de Leão 1065-1109
Finais do séc.XI investida almorávida
c.1071 – os mouros conquistam Almeida
1071 – D.Garcia (+Luna, 1090), rei da Galiza e de Portugal é vencido pelos seus irmãos Sancho II de Castela e Afonso VI de Leão, sendo aprisionado pelo primeiro em Santarém. Sancho tê-lo-ia aprisionado, algum tempo em Alfaiates, onde lhe teriam sido arrancados os olhos.
1085 – Afonso VI conquista Toledo
A Ameaça Almorávida
1086-1147
CONQUISTAS CRISTÃS AOS MOUROS
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1030 | Numão | Taudom e Rosendo Ramires |
1039 Fernando Magno (1037-1065) inicia a reconquista da região Transcudana
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1039 | Almeida | Fernando Magno |
1055-1056 | Numão | Fernando Magno |
1057-1058
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Trancoso | Fernando Magno |
1063
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Marialva | Fernando Magno |
DA CRIAÇÃO DO CONDADO PORTUCALENSE
À INTEGRAÇÃO DEFINITIVA DE RIBA CÔA EM PORTUGAL
1097-1297
§ 1º. Da criação do Condado Portucalense ao terceiro quartel do séc.XII
§ 2º. A Beira Côa sob o indiscutível domínio leonês (terceiro quartel do séc.XII-1296/7)
§ 1º
DA CRIAÇÃO DO CONDADO PORTUCALENSE
AO TERCEIRO QUARTEL DO SÉC.XII.
RIBACÔA PORTUGUESA OU LEONESA?
1093 – finais do terceiro quartel do séc.XII
INTRODUÇÃO AO § 1º
Com a criação do Condado Portucalense, em 1097, a Beira Transcudana fica integrada no novo Condado. E a região Ribacudana? Terá estado inicialmente, durante perto de 70 anos, sob a influência portuguesa, passando no final do terceiro quartel do séc.XII para o domínio leonês, até em 1296 ter sido definitivamente conquistada por D.Dinis.
D.Teresa
Condessa de Portucale 1093-1128
Trancoso faz parte do dote de D.Teresa
D.Urraca
Rainha de Leão 1109-1126
1124
26 Out. D.Teresa, em Sernancelhe, dá foral a Longroiva. Será confirmado, em Fev.1220, por D.Afonso II em Pinhel[4]
Afonso VII
R.de Leão 1126-1157
Afonso Henriques
Conde de Portucale e depois R.de Portugal 1128-1185
1130
8 Jul. – D.Fernão Mendes de Bragança dá foral a Numão[5]. A carta de foral descreve o termo do novo município: a Norte o limite era Douro; a poente Custóias, hoje freguesia do concelho de Vila Nova de Fozcôa; a sul uma calçada, talvez velha estrada romana, atingindo a ribeira de Duas Casas, próximo da sua confluência com a de Tourões; a nascente seguia o curso do Águeda até o Douro.[6]
c.1143/1147 a reconquista está na linha do Tejo?)
1145
10 Jun. os templários recebem por doação de D.Fernão Mendes, de Bragança, e de sua mulher D.Sancha, irmã de D.Afonso Henriques, sobre a fronteira do leste, o castelo de Longroiva, situado no território da metrópole bracarense, entre o castelo de Numão e o de Marialva e o rio Côa.[7]
Nesse documento D.Fernão afirma ter povoado Longroiva:
“… facia cartam testamenti et firmitudinis illis militibus… de castello meo quod populavi en Extremadura, et illud castellum vocatur Longroiva habet que jacentiam in território Bracharensi metropoli…”[8]
A doação terá ocorrido no tempo de D.Hugo Martoniense, no último ano em que D.Fernão Mendes ocupava o cargo de tenens de Bragança e Lampaças
Fernão Mendes de Bragança
Dá foral a Numão em 1130
l
pai? de
l _______________________________________
Mendo Fernandes de Bragança oo D.Sancha* Afonso Henriques
Doam Longroiva aos Templários em 1145
Alferes-mor de D.Afonso Henriques
Maio 1146-Jan./Fev.1147
Primeiro Alferes-mor de Fernando II
9 Out.1157-24 Mar.1159
Terá sido quem sugeriu a Fernando II a criação
de Ciudad Rodrigo?
MENDO FERNANDES DE BRAGANÇA
_________________________________________________________________________________
+ Irmã ou filha de D.Afonso Henriques?
LONGROIVA
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SEDES MATERIAE |
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960 | Flâmula dá poderes a sua tia D.Mumadona Dias para vender o castelo | |
1059 | O castelo aparece referido no inventário das propriedades do convento de Guimarães | |
1145 | Fernão Mendes e sua mulher D.Sancha, irmã de D.Afonso Henriques, doam o castelo à Ordem do Templo | |
1176 | É edificada a torre do castelo por ordem de Gualdim Pais | |
1319 | Longroiva passa para a Ordem de Cristo |
A INSTALAÇÃO DAS ORDENS MILITARES NA BEIRA CÔA NO SÉC.XII |
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PORTUGAL |
LEÃO |
TRANSCÔA V
Ordem do Templo Fundada na Terra Santa Instalada em Portugal no tempo de D.Teresa Sediada desde 1145 em Longroiva |
RIBACÔA V
Ordem de S.Julião do Pereiro Fundada c.1156 no Pereiro, perto de Cinco Vilas, onde já existiria uma ermida de S.Julião fundada por um ermitão português Pedro Amando
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Doação de Longroiva à Ordem do Templo em 1145 por D.Fernão Mendes de Bragança e D.Sancha, irmã de D.Afonso Henriques
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Fundada por D.Suero Fernandez e seu irmão D.Gomez. Fica sujeita ao bispo D.Ordonho, 1º ? bispo da /diocese de Ciudad Rodrigo, em breve criada (1161)/ de Salamanca Sg.a Monarquia Lusitana, t.III, liv.10, cap.37, teria sido o ermitão português Pedro Amando, que tinha lutado na Terra Santa, que os aconselhou a levantar uma fortaleza no Pereiro Ordem confirmada por Lúcio III em 1183 |
1148
8 Set. bula de Eugénio III confirmando ao arcebispo de Braga D.João Peculiar a posse de várias terras, entre as quais o território de Trancoso.
1155
o castelo de Trancoso que entretanto regressara ao domínio cristão (vide 1131) é cercado na última incursão almóada a norte da Guarda[9]
1156
os cavaleiros salamantinos, D. Suero e D. Gomez Fernandez, irmãos, empenhados na luta contra os mouros da fronteira procuraram fixar-se numa zona agreste, perto do rio Côa, entre Trancoso e Ciudad Rodrigo, chamado Pereiro, por ser muito rico em pereiras. Ali havia uma ermida dedicada a São Julião e nela vivia um ermitão chamado Pedro Amando, que tinha participado na conquista da Terra Santa. Aconselhou aqueles cavaleiros a levantarem ali uma fortaleza. Assim fizeram e criaram com outros cavaleiros uma milícia, que chamaram de São Julião do Pereiro. Esta milícia ficou sujeita à Regra de Cister, sob as ordens do Bispo de Salamanca, D.Ordonho. [10]
BISPOS DE SALAMANCA 1152-1173
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Iñigo Navarro | 1152-1159 | |
1156 Criação da Ordem do Pereiro sujeita às ordens do Bispo de Salamanca | ||
Ordonho | 1159-1164 | |
1161 Criação da Diocese de Ciudad Rodrigo | ||
Gonzalo | 1165-1166 | |
Pedro Suárez de Deza | 1166-1173 | Depois arcebispo de Santiago de Compostela |
Fernando II
Rei de Leão 1157 – 1188
1154-1173, entre – foral outorgado por D.Afonso Henriques a Trancoso, confirmado por D.Afonso II, mas sem indicação de data vide 1217, Out.
1157
entre Dez.1157-1169[11] – Foral de Trancoso, segundo o modelo de Salamanca[12];
Foral de Marialva, segundo o modelo de Trancoso[13];
Foral de Moreira, segundo o modelo de Trancoso[14] trata-se de Moreira de Rei, no concelho de Trancoso-
1159 – construção do castelo de Trancoso
[1] Vide MÁRIO JORGE BARROCA, Epigrafia Medieval Portuguesa, cit., v.II, t.I, p.34.
[2] PINHO LEAL, PAM, v.IV, 1874, p.44, faz a seguinte interpretação dos nomes das povoações: “Caria, Trancoso, Moreira, Naumam (Numão) Vacinata (Macieira de Font’arcada?), Amindula (Amendoa) Pena do Dono (Penedono), Alcobria (Alcarva) e Sermozelle (Cernancêlhe).
[3] PMH, Diplomata et Chartae, nº81. Referenciado in HAP, XI, p. 422.
[4] Cfr.PINHO LEAL, PAM, v.IV, 1874, p.45. Vide FRANKLIN
[5] Existem no ANTT dois exemplares:
– a transcrição no registo original da Chancelaria de D.Afonso II (ANTT, maço 12 de Forais Antigos, nº3, f.52v);
– a cópia desse registo. No livro dos Forais Antigos (ANTT, maço 12 de Forais Antigos, nº3, f.37).
Editado in PMH, Leges, I, p.368-370.
[6] Apud RUI PINTO DE AZEVEDO, “Riba Coa sob o domínio de Portugal no Reinado de D.Afonso Henriques. O Mosteiro de Santa Maria de Aguiar de Fundação Portuguesa e não Leonesa”, in Anais da Academia Portuguesa da História, 2ª série, v.12, p.260.
[7] ANTT, documento procedente do Convento de Cristo. Publicado in MARQUIS D’ALBON, Cartulaire Général de l’Ordre du Temple, nº CCCLIX, Paris, 1913. Bibl.: L.GONZAGA DE AZEVEDO, H.P., ,v-IV, e HAPP, t.XI, p.422.
[8] J.S.R-VITERBO, Elucidário… , 1798-99, v.II, p.587.
[9] Cfr.ADRANO VASCO RODRIGUES, “Warda, Uarda, Guarda: As Raízes, Praça Velha, Ano II,1999, nº5, 1.ª série, p.9.
[10] Cfr.M. VILLAR Y MACIAS, História de Salamanca, livro II. Citado in ADRIANO VASCO RODRIGUES, “Riba Côa, Berço da Ordem de São Julião do Pereiro” in A Beira Côa, História, Arte e Património
[11] Para esta datação vide RUI PINTO DE AZEVEDO, DMP – DR, v.I, t.II, nota LIV, p.755;
[12] ANTT, Forais Antigos, m.VII, nº1. Publicado in RUI PINTO DE AZEVEDO, DMP – DR, v.I, t.I, p.325-328, doc.263.
[13] ANTT, Forais Antigos, m.VII, nº1. Publicado in RUI PINTO DE AZEVEDO, DMP – DR, v.I, t.I, p.328-330, doc.264.
[14] ANTT, Reg.Afonso II, f.10v. Publicado in RUI PINTO DE AZEVEDO, DMP – DR, v.I, t.I, p.337-339, doc.267.